sexta-feira, 15 de junho de 2012

Carta Aberta à Sociedade Rondoniense


Estamos em greve. Por quê?
A educação pública no Brasil vem sofrendo constantes ataques dos governos brasileiros. O objetivo final dessa empreitada é transformar a educação em mercadoria, aumentando ainda mais as diferenças de acesso à renda e à qualidade de vida da maior parte da população. Para garantir uma educação gratuita, acessível, os docentes e técnicos-administrativos das universidades públicas entraram em greve. Esses trabalhadores estão sendo desrespeitados pelos gestores públicos que deveriam priorizar o investimento em educação, elemento importantíssimo na construção de uma nação autônoma, digna e consciente de sua missão na melhoria da qualidade de vida de seu povo.

De novo?
A Universidade Federal de Rondônia viveu uma greve histórica no ano de 2011. Atolada no descaso da gestão anterior, a Unir reorganizou suas forças e combateu por longos 79 dias uma administração corrupta, irresponsável e autoritária. A Unir venceu essa batalha, mas quem realmente ganhou com o resultado dessa luta foi a sociedade rondoniense. Os filhos de Rondônia podem usufruir de uma universidade séria e comprometida com as demandas da nossa região. Mas isso não é tudo. Muitas das promessas realizadas pela Secretaria do Ensino Superior (SESU/MEC) não foram cumpridas. A atual gestão da Unir vem arcando com o ônus dos crimes cometidos contra nossa universidade, o que significa um esforço redobrado para colocar o trem nos trilhos. Por isso, a Unir aderiu ao movimento nacional de greve das universidade federais, para garantir as promessas feitas, para garantir a satisfação profissional de seus trabalhadores, para garantir um ambiente saudável que proporcione a melhor formação dos nossos estudantes.

Ignorar a greve é grave!
A nossa luta é por respeito às nossas carreiras. Por respeito aos profissionais que formamos e enviamos para construir a sociedade em que vivemos. Acreditamos na possibilidade de um mundo melhor para todos. A universidade pública existe para proporcionar qualidade de vida ao povo brasileiro. Somos os profissionais que realizam as pesquisas nesse país, da mais alta tecnologia de informação, passando pelos aprimoramentos na área de saúde, a formação de engenheiros, professores e tantos outros profissionais, tudo isso passa pelos bancos da nossa universidade. Não entendemos como um governo que se diz “para todos” nega esse direito fundamental aos brasileiros. Ignorar a greve é grave, porque implica aceitar o sucateamento das nossas universidades até o ponto em que elas não sirvam mais, até o ponto em que os nossos filhos não terão mais a oportunidade de estudar em uma universidade que produz mais de 90% do conhecimento gerado nesse país. A greve é o último recurso do trabalhador. Tentamos negociar com o Governo Federal durante os últimos dois anos e nada. Foram criados novos cursos, as universidades estão abarrotadas de estudantes, mas o Governo não deu as condições de funcionamento. Não temos professores, salas de aula, laboratórios, recursos para garantir assistência estudantil etc. O que nos resta é frustração, tanto dos docentes e técnicos-administrativos quanto dos estudantes, que veem seus sonhos virarem pesadelos ante o descaso com a educação. Queremos voltar ao trabalho, afinal essa foi a profissão que escolhemos. Decidimos ser professores para continuarmos estudantes. Para mantermos um espírito de busca e de socialização de saberes na construção de um novo mundo que tenha o ser humano e seu ambiente como motivo principal da realização da vida.
Comando Local de Greve

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